2004/10/06

 
O Congresso do PS, realizado em Guimarães no qual foi eleito José Sócrates
como Secretário-Geral, ainda é tema para comentários, análises e as opiniões
mais desencontradas, tanto à esquerda como à direita do PS. Ontem foi Eduardo
Prado Coelho (EPC) a dissertar sobre "A esquerda contemporânea", para fugir
ao slogan da campanha socrática "Uma Esquerda Moderna"... E para defender
as teses do BE, conduziu o seu raciocínio até ao "moínho", que são as alianças
pós-eleitorais: "não tendo, como é mais do que provável, maioria absoluta, o
PS prefere aliar-se à direita do PP ou prefere aliar-se à esquerda do BE ou do
PC?" Creio que EPC está a prestar um favor ao BE. Com efeito, nestes 28 anos
de democracia parlamentar, nunca o EPC se mostrou interessado em sugerir
uma aliança do PS com partidos de esquerda, designadamente o PCP. Porque
este partido é o que é, e sempre esteve contra as privatizações, contra a adesão
do país à UE, contra a Nato, contra a reforma do Estado. Porquê então vir agora
a terreiro esgrimir contra o facto de José Sócrates não pensar em alianças pós-
eleitorais (à esquerda ou á direita), mas sim em manter uma dinâmica de vitória
até às eleições em 2006, por forma a obter uma maioria absoluta?

Porque os amigos e colegas universitários que EPC tem no BE, estão a
ver que o voto de protesto contra o PS, e do qual têm beneficiado os bloquistas,
está para acabar. De resto, EPC sabe bem que o BE não é um partido político,
mas sim uma confederação de renegados, vindos da UDP, do PCP(r), do PS
e de ligas onde abundam os gays, as lésbicas, os alter-mundistas, e, sobretudo,
uma esquerda "radical-chique". É uma confederação de interesses, onde cada
um faz o possivel por se "encaixar" e fazer o seu papel de actor à espera de um
bom lugar. É uma confederação que raramente defende os desfavorecidos, os
mais pobres, os reformados e os que vivem à margem dos benefiícios prestados
pelo Estado cobrador de impostos. O BE luta por um lugar ao sol, fazendo uma
cuidadosa rotação dos seus dois/tres deputados na AR, dando a impressão de
que tem dez ou vinte deputados... É um bloco político sem ideologia, sem uma
doutrina ou princípio a defender. Que aliança pode fazer o PS com um grupo de
confederados? E a outra esquerda, monolítica e esclerosada, com a qual o PS
nunca aceitou aliar-se? Não é possivel, ainda mais agora, quando não se sabe
qual vai ser o futuro secretário-geral do PCP.

Da análise feita por EPC resulta, apesar de tudo, uma questão que a ele não
lembrou ou não soube colocar, e que é a seguinte: o PS, deve chamar a si, para
o seu seio, os intelectuais e a inteligenzia do nosso país. Os melhores, em tudo,
precisam ser chamados para as Novas Fronteiras que o PS de José Sócrates
se propõe alcançar. O PS não pode virar-se apenas para aqueles que estão
com o futuro e têm ideias concretas para dotar o país de modernidade. Tambem
deve apelar aos escritores, aos artistas, aos universitários, aos poetas...Porque
é tempo de o PS apresentar mais, para alem de Manuel Alegre e Carrilho. Deve
renovar, recrutar, tornar-se apelativo. Para que o BE não continue a "encaixar"
os desavindos com o sistema e com as políticas partidárias incoerentes.

George Bush preparou a invasão do Iraque para ter acesso a petróleo
mais barato e em maior quantidade, mas os acontecimentos tornaram-se
imprevísiveis e o petróleo está agora acima dos 50 dolares o barril, o dobro
do custo de há um ano, colocando em perigo o crescimento económico
mundial. Nem petróleo barato, nem a prisão de Bin Laben... só terrorismo.








<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]