2004/10/12

 
A montanha pariu um rato. A "conversa em família" do primeiro-ministro
Santana Lopes não revelou nada de importante. Apenas banalidades, lugares
comuns da retórica populista. Para além do estilo demodé, a cheirar a Marcelo
Caetano, lembra ainda, pela vacuidade do recado escrito, os discursos ôcos do
Almirante Américo Tomás: "dizem prá aí, que fui o primeiro presidente a entrar
numa mina... Não importa se fui ou não o primeiro, o que importa é que o chefe
do Estado esteja com os portugueses, e se estes estão numa mina, o meu dever
é ir à mina para estar com eles..." Cito de memória o discurso que o Tomás leu
à saída das Minas da Panasqueira, na companhia de pides, legionários, bufos de
ocasião e do pároco da igreja local. Um discurso adequado a Santana Lopes.

È o tempo da política espectáculo, talhada e vendida através dos meios de
comunicação social, alinhavada em papel A4 e difundida em diferido. Santana
Lopes não gosta de ser incomodado com perguntas. Assim, bota discurso sem
contraditório, e esquiva-se às perguntas para as quais não tem resposta ou então,
se a tem, pode faze-lo em duplicado, mas sempre diferente do original. O país
está a ser desgovernado por um primeiro-ministro cooptado, não eleito se quer
pelo seu partido. Os ministros arregimentados para os diversos ministérios são
incompetentes e não conseguem assumir as responsabilidades. O trabalho que
Manuela Ferreira Leite andou a fazer nas Finanças públicas, está a ser esquecido
por este Governo de esbanjadores, que promete fazer milagres, prometendo dar
aquilo que não tem e cortar em impostos que depois faltam nas receitas. Como se
a "retoma" tivesse chegado e a economia estivesse a crescer na ordem dos
3,5 por cento. Este Governo de gente medíocre e de "aparatchiks" encartados,
preocupa-se essencialmente com a sua sobrevivência, à custa de promessas e
balões de ensaio, que não tardarão a cair por terra ou a estoirar por desnorte.


George Bush, o "presidente de guerra", durante estes quatro anos do seu
mandato, mandou às ortigas muitos dos princípios pelos quais fez juramento
solene. E, como cristão, tem cometido muitos pecados, pelos quais um dia terá
de pedir perdão ao prior da sua igreja. Um desses "pecados" é a Mentira, de que
usa e abusa, de tal forma que já ninguem acredita no que ele diz. Agora "fintou"
os Democratas com um golpe rasteiro: no frente-a-frente com Kerry, dissimulou
um rádio-receptor colado nas costas, através do qual recebia indicações do seu
staff, à medida que decorria o debate transmitido pelas cadeias de televisão.
Vivemos um tempo de falta de ética, de moral, de honestidade e lealdade.










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