2004/10/25

 
A entrevista solicitada, concedida ou dada por Carlos Cruz, publicada
ontem no "Público", com foto na primeira página, faz lembrar os depoimentos
e recados que o mesmo enviava para os tabloides "24 Horas", "Correio da
Manhã" quando estava no regime de prisão preventiva, e quando aqueles jornais
eram considerados honestos por Carlos Cruz. A um mês do início de julgamento
do processo Casa Pia, esta entrevista não era aconselhada, mesmo a pretexto
da publicação de "O Preso 374". Trata-se de uma lavagem da figura do arguido
CC, a quem o "mundo da comunicação social" parece estar devedor. O homem
não se arrepende de nada mas, nas entrelinhas, confessa que "a [sua] prisão foi
importante para ele, porque o levou a acreditar no transcendente". Já é bom...

O arguido CC não quer falar do processo, mas pressiona a justiça dizendo
que a sua "condenação será a destruição completa da confiança que ainda tem
na justiça portuguesa". Para ele, os culpados de tudo, "são alguns mercenários
alcunhados de jornalistas", o "mundo da comunicação social", referindo-se à
"TVI, ao "Correio da Manhã" e ao "Expresso". Procura ainda desviar o rumo da
conversa, acusando a Casa Pia de ter "milhões de contos de orçamento",
"um património imobiliário de que [ele] não fazia a mínima ideia". Chega a dizer
que a casa Pia não tem apenas problemas de abusos sexuais, mas "outros
problemas graves", como droga, interesses altamente convidativos a negociatas.

Enfim, "O Preso 374", para se defender, ataca, insinua, acusa os outros.
Diz que "nunca nos opusemos à memória futura, mas sim aos métodos utilizados
para a sua recolha". Refere que, nos Estados Unidos, a vídeo-conferencia não
é permitida, pelo que em Portugal tambem não o deveria ser. Ele preferia que
"a vítima tivesse que enfrentar o arguido, olhos nos olhos". Sim, talvez como
fazia aos concorrentes do "1-2-3", com o seu olhar fixo, perturbador, ameaçador.
Nisso, CC deve ter prática inquisitorial, e, certamente deixaria as vítimas sem
vontade de falar, em completo desnorte, pelo olhar de carrasco do arguido...
É lamentável que Adelino Gomes se prestasse a fazer esta entrevista, este
serviço a CC. Nesta fase das "manobras dos poderosos", é bom sabermos
mais sobre pedofilia: o Portugal Profundo publicou o "relatório do SIS sobre as
redes pedófilas", que pode ser consultado para entendermos a rede nacional.





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