2004/09/23

 
As primárias no PS estão a chegar ao fim. Foi percorrida uma etapa.
Falta saber agora qual dos tres candidatos vai ser eleito Secretário-Geral do
PS. Após a confirmação do líder, vêm aí tempos de mudança. Para recentrar a
discussão em torno do desnorte que reina no actual Governo de Santana Lopes.
O PS terá um líder eleito, por maioria, isento de "lobbies" e sem o lastro da Casa
Pia a ensombrar a sua liderança. Começa a vislumbrar-se condições propícias
para uma alternância aos governos do PSD/PP-cds. Com um cenário destes,
nunca Jorge Sampaio teria tomado a decisão que tomou, ao optar pelo mal
menor para o país, aceitando a continuidade na estabilidade parlamentar
resultante da maioria do PSD com o PP-cds. A história fará justiça a Sampaio.

A minha opção, vai para José Sócrates. Os outros dois candidatos fizeram
o jogo democrático, aceitando lutar pelas suas convicções, dentro de um partido
pluralista e democrático, como é o PS. Manuel Alegre, que se reclama herdeiro
da resistência e dos ideais da fundação do PS, candidatou-se sobretudo contra
José Sócrates e o guterrismo. Alegre não esqueceu o "lixo" da co-inceneração,
e não sente os "ventos" da modernidade que sopram nos partidos socialistas
europeus -- coisa que Guterres soube captar com visão de estadista.
João Soares, apresentou-se "acidentado", de braço ao peito, a lembrar a queda
do avião na Jamba... Talvez quizesse tirar vantagens, com semelhante cenário
de vítima, mas creio que o efeito foi contrário. As ideias apresentadas por João
Soares foram vagas, tendo a cerimónia de apresentação da sua candidatura
sido marcada pelo desejo de mostrar a linhagem dinástica do candidato.

As primárias do PS tiveram a virtude de alterar os métodos seguidos até
aqui pelos partidos políticos. Foi salutar e vai ser certamente um exemplo para os
outros partidos. A questão é saber se, após o Congresso do PS, os candidatos
perdedores assumem a unidade dentro do partido, sem contudo desistirem do
confronto de ideias e propostas. Não é aceitável para o líder do PS -- seja ele
qual fôr -- a existência de grupos ou tendências dentro do partido, destinados a
boicotar ou contestar a acção do líder eleito. Sabemos, pela história de outros
partidos, com ou sem barões, como isso é prejudical para a política partidária.

Em política a vida dos candidatos é dura... Andam de um lado para
o outro, durante meses, a discursar, a sorrir, a dar apertos de mãos, a falar
alto em comícios de rua ou recintos fechados. Chova, faça sol, esteja calor
ou faça frio, o candidato faz uma peregrinação desgastante, escuta e fala,
faz promessas, pergunta pelo nome deste e daquele, deixa saudações aos
familiares, pede para lhe darem um voto de confiança.... Sem nunca dar
sinal de fraco, o candidato aparece feliz, alegre, confiante, sempre a sorrir
mas quantas vezes com vontade de chorar... Até ao final da ronda eleitoral
o candidato vai estar entre a vitória e a derrota. Os eleitores, esses, nunca
conhecerão as angústias e as apreensões do seu candidato.




























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