2004/04/02

 
"O BE está a dar. É chique. É moderno. Respira e transpira o 'espírito
do tempo' -- conclui José Manuel Fernandes no seu editorial de hoje. Mas
previne os incautos, atenção: "a memória e cultura política permite que o Bloco
passe pelo que não é, por uma "nova" esquerda, quando é a mais velha das
esquerdas". Este zêlo inquisidor de JMF, lembra o "macarthismo" dos anos 50,
que instaurou na América um clima de terror e suspeição contra tudo o que
cheirasse a comunista. JMF equipou-se de lupa e cão de faro para "espiolhar"
o "eixo" do PSR, as origens "recauchutadas" do BE, o "trotskismo" do Fazenda,
a "estratégia transitória" do Louçã. Tudo gente perigosa, conclui JMF. Gente
que apregoa o "socialismo real" e diz que "A Revolução ainda é uma criança".
JMF faria melhor o papel de Sherlock Hollmes se investigasse o partido que
suporta e condiciona o PSD. Seria coisa muito interessante.

A senhora Esther Mucznik vem escrever no PÚBLICO sobre "A nova geração
árabe", um documentário exibido pelo canal Odisseia, ao qual, por acaso,
tambem assisti. Esther Mucznik procura levar a água ao seu moinho, de forma
moderada e conforme as suas convicções, mas não convence. É que, o referido
documentário, era apenas o testemunho dos "filhos das élites" endinheiradas
do Libano, Síria, Jordânia, Irão, Egipto e Sudão. Não era sobre o povo que
trabalha e procura melhorar a sua vida. É um documentário parcial, que mostra
apenas um dos lados do poliedro social. Dizer que os regimes árabes -- alguns
apoiados pelos EUA -- são regimes que utilizam a causa palestiniana apenas
para se manterem no poder, é um raciocínio simplista, parcial e tendencioso.

O liberalismo económico defendido por importantes personalidades,
católicos praticantes, neste tempo de crise e desemprego, transforma-se numa
acusação e numa denúncia da hipocrisia de todos os pseudo-cristãos. Nas
empresas públicas, algumas deficitárias, e nas privadas, um punhado de
gestores "arrebanha" por ano umas centenas de milhares de euros em forma
de ordenados, prémios e outras regalias -- enquanto o desemprego aumenta
e há cada mais mais gente a ganhar baixos salários, que não são actualizados
e geralmente se traduzem no valor do ordenado mínimo. Neste liberalismo,
só os grandes continuam a medrar, a enriquecer, a bater com a mão no peito
à hora da missa, mas esquecendo totalmente o seu semelhante.

As cerejeiras mostram que a Primavera está aí, neste caso em
Washington, como se pode ver nesta imagem cheia de brancura.





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