2004/03/12

 
TERROR EM MADRID - Continua a incógnita

Há quem veja na carnificina de Madrid, semelhanças com o 11 de Setembro.
É o caso do "cruzado" Luis Delgado e do "neo-cons" José Manuel Fernandes,
director do "Público", em cujo editorial de hoje, a par de outras considerações,
vem falar de "guerra mundial" contra o terrorismo, confundido todos e de modo
a levar os leitores para o lado das políticas de George Bush. JMF insinua mesmo,
pela primeira vez, que se trata de uma Nova Cruzada, já que o inimigo persegue
"os cruzados sejam eles americanos, espanhois, britânicos, italianos, franceses
ou alemães. Ou portugueses". Para JMF "não há terrorismos, mas terrorismo, que
se combate em Nova Iorque, Madrid e Bagdade".
Como "só há um terrorismo," JMF cita só tres cidades, tres capitais, tres países.

Outros, e contradizendo JMF, vêm falar de "terrorismo nacionalista".
Com efeito, muito antes do 11/Setembro, houve na Europa diversos atentados
terroristas, perpetrados por grupos de cariz nacionalista. Na Irlanda, era o IRA;
na Itália, eram as Brigadas Vermelhas, na Alemanha, havia o Bader Meinhof, em
França, eram os Corsos; em Espanha, ainda há a ETA. Até certo ponto, estes
grupos terroristas, actuavam apenas nos seus países. Não tinham redes
internacionais, não lutavam contra nenhum "ocupante" nem contra alguem que
lhes quizesse impôr um modelo de democracia, e muito menos quem lhes tivesse
declarado guerra.
Felizmente a Europa soube irradicar o mal, com firmeza, mas sem confrontos de
guerra, destruição de cidades, ocupação de países. Muito sangue foi derramado.
Houve muita dôr, mas ninguem apelou a uma coligação de guerra. Nada tem a
ver com o 11 de Setembro dos "cruzados". E, no entanto, eram acções de terror.

Depois de tudo isto, ainda há quem diga que "nunca viu nada assim"...
Esquecem que o terrorismo fez parte da criação das nações. A história de todos
os países está ensanguentada por actos de terror. Não falo dos bárbaros, falo
apenas da Idade Média para cá, até aos nossos dias. As guerras de conquista,
de invasão territorial e de usurpação de poder, deixaram atrás de si o cáos e a
desordem -- ambiente propício aos saques, violações e assassínios em massa.
Felizmente que a Europa estabilizou e hoje conhece a paz e o bem-estar. Tem
leis e tratados de defesa, uma arquitectura democrática, um nível de vida muito
confortável. Hoje, para os europeus, não é concebivel a desordem, o cáos, o
crime e os assaltos. Hoje não aceitamos um mundo sem leis, sem segurança e
liberdade. É isto que nos leva a rejeitar a violência, o terror, a carnificina.
Quando acontece um acto bárbaro, semelhante ao de Madrid, ficamos todos
paralizados, incrédulos, horrorizados.
Depois reagimos, com dôr e amargura, mas tambem com serenidade. Porque
só assim poderemos pensar nas causas que produziram tais efeitos. Não vale
a pena fazermos julgamentos precipitados.

Para nós é importante saber quem são os culpados da carnificina de Madrid.
Caso seja a Al-Qaeda, Portugal deve estar preparado com meios, para evitar
uma situação como aquela, e procurar reduzir os estragos humanos.
Depois das eleições, já a partir de segunda-feira, iremos conhecer pormenores
que as autoridades não querem revelar antes de tal evento.





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