2004/03/17

 
Costuma dizer-se que a memória das pessoas é curta... É um facto, nós
depressa esquecemos o que aconteceu ontem. Passa-se isso comigo, com
todos nós, e em muito maior amplitude nas pessoas que queiram abarcar
toda a informação que lhe chega. É preferivel tratarmos de conteúdos menos
abrangentes do que entrarmos numa vertigem de consumo indiscriminado
da informação que nos chega.
O amigo Nuno, da Janela para o Rio, interroga-se hoje, no seu post nº.588,
porque razão a Al-Qaeda ameaça tambem a França, quando este país foi
contra a guerra e impediu que o Conselho de Segurança da ONU, votasse
a favor da invasão do Iraque. Será pela recente lei contra o uso do véu
islâmico nas escolas francesas? -- pergunta o Nuno.

É pela duas coisas. A França faz parte da Nato, está na Bósnia e no Kosovo;
está no Afeganistão, -- como está a Alemanha, que tem o Comando das
tropas -- e, ainda ontem, a imprensa noticiava que, forças francesas estiveram
muito perto de prender Bin Laden... Seria uma grande ironia, se conseguisse
prender o inimigo número dos EUA. A Nato ou as NU, depois de 30 de Junho,
vão estar no Iraque, incluindo tropas francesas. A França esteve com os EUA,
desde a primeira hora, com forças de intervenção no Haithi... A França, porque
tem interesses históricos, os Estados Unidos porque temiam o cáos num país
às portas do seu quintal, onde seria fácil entrarem membros da Al-Qaeda.

Como se vê, com a interdependência dos tratados, poucas nações ficam de
fora. - Então e porquê, a Turquia, a Indonésia, etc. A Turquia faz parte da Nato,
está às portas da UE, e tem bases americanas que garantem parte da logística
de guerra. De resto, os atentados em Istambul foram contra os ingleses: contra
o Consulado e contra o HSBC-Hong Kong, Shangai Bank Corp, e dias antes
contra duas sinagogas judaicas. Na Indonésia -- o mais populoso país islâmico
do mundo -- foram dois atentados contra interesses dos EUA e da Austrália.
A Indonésia, como o Paquistão e a Arábia saudita, produzem muitos "mudjahins".

Os EUA estão longe, e cuidam da sua segurança; a Inglaterra, é uma ilha e tem
menos hipóteses de deixar entrar "estranhos"; a Itália, tem uma forte guarda
costeira; a Austrália, é um continente e está isolada, mas não segura; a Europa
continental, é a mais vulnerável, porque todo o flanco sul está próximo do
islamismo magrebino. Os outros, que fizeram a guerra, estão longe do perigo.
A Europa, que tinha um papel apaziguador e tolerante no mundo árabe, dividiu-se
e deixou de ter o peso político que tinha. Veja-se o caso de Israel-Palestina, --
fonte de todo o ódio, raiva e vingança -- que foi esquecido, e onde o Diabo anda
à solta, matando todos os dias, humilhando, espezinhando, sem que haja
alguem capaz de resolver o conflito. Sem a resolução do conflito palestiniano,
a hidra do terrorismo continuará com as carnificinas, tornará a vida num inferno.

Estas são alguns dos tópicos que explicam a actual insurgência do terrorismo
islâmico. Outros mais haverá para ter em conta. Não podemos aceitar o discurso
dos "cruzados", e perder o norte das causas que levam a estes efeitos.










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