2004/02/06

 
Na política como no futebol, a agressividade e a violencia, traduzem-se
pela incapacidade de vencer ou esmagar o adversário. No futebol, ainda
se pode desculpar, mas na política -- onde é suposto estar representada
a élite pensante e educada -- isso é intolerável.
O espectáculo de ontem, no Parlamento, entre a direita chique e revanchista
e a esquerda de Abril, demonstra a simbiose existente entre o futebol e os
políticos. Cometem erros, uns e outros, mas a culpa é sempre dos árbitros.

A poetisa ucraniana, Svetlana Povalyaeva, atira para a fogueira o seu
manuscrito durante uma manifestação frente ao edifício governamental, em
protesto contra a taxa de 20 por cento, decretada pelo governo, aplicada a
todas as obras literárias editadas na Ucrânia... Parece mentira, não é?!...


O general Loureiro dos Santos, no "Público" de hoje, faz "um balanço da
guerra ao terrorismo", um pouco ao estilo de J. Pacheco Pereira, isto é, em
dois ou mais capítulos. Loureiro dos Santos costuma ser mais objectivo,
em menos espaço. Afirma que a situação actual, é melhor que antes do
11 de Setembro, e poderia ser melhor "se não tivessem sido cometidos erros
de monta por alguns actores internacionais, com os Estados Unidos a cabeça,
mas tambem por outros, como foi o caso da França". Não vejo o grave erro
que o senhor general aponta à França, mas perante esta trama enredada
ao estilo "uma no cravo outra na ferradura", ocorre-me perguntar: a França,
como a ONU, era contra a guerra e a favor da continuidade das inspecções
às chamadas "armas de destruição maciça". Então, e os restantes países,
que alinharam contra a guerra: a Alemanha, a Rússia, a China, a Índia, a
Àfrica do Sul, o Brasil?...

O general Loureiro dos Santos perde-se a conjecturar sobre a Al-Qaeda,
dizendo que esta não terá grandes vantagens em fazer ataques terroristas
em países muçulmanos. Esquece que, os ataques na Indonésia, na Tunísia,
em Marrocos, na Tchetchénia, na Arábia Saudita e na Turquia -- países
citados pelo senhor general -- foram sempre dirigidos contra interesses e
alvos dos Estados Unidos ou contra os países da mini-coligação, que fez
a guerra contra o Iraque. Foi contra a Austrália, na Indonésia; contra Espanha,
em Marrocos; contra Inglaterra, na Turquia; contra a América, na Arábia
Saudita. Na Tunísia, foi contra Israel e na Tchetchénia, contra o governo
russo, mas aqui a questão tem a ver com a "jhiad", para onde são enviados
voluntários da guerra santa, como aconteceu no Afganistão, contra a ex-URRS.

Curiosamente, o general Loureiro dos Santos -- como a maior parte dos
analistas da nossa praça -- esqueceu o cerne da questão: não falou uma
única vez, na questão palestiniana -- fonte de todo o terrorismo islâmico.
Não creio que o tenha feito deliberadamente, terá sido por esquecimento.
Mas é bom que os homens de boa vontade tenham presente o que se
passa entre Israel e o povo palestiniano (não falo em país), pois é preciso
resolver aquele problema de forma justa e com a brevidade possivel. Por
duas razões: o povo palestiniano tem sido humilhado, e a origem da "jhiad"
e do terrorismo actual, têm ali a sua fonte. Não esqueçamos que, foi a
partir do assalto ao "Achille Lauro", que apareceram os bombistas suicidas,
prontos a pagar com a vida, a humilhação feita ao povo palestiniano.

Será que existe um Deus, que gosta de ver os seus fieis sofrer, assim?
Imagem de Kuala Lumpur, onde 7 por cento da população é hindu.












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