2004/01/26

 
OS GLADIADORES DA ERA MODERNA

Peço desculpa a todos os adeptos do futebol, que neste momento vivem
com o espírito ensombrado, pela morte súbita de um futebolista durante
o seu desempenho num encontro da I Liga, no Estádio de Guimarães, mas
tambem eu preciso de dizer o que sinto sobre este assunto. Primeiro, porque
estou surpreendido pela dôr manifestada na Blogosfera, pelos adeptos desta
modalidade desportiva, ao assistirem, em directo pela televisão, ao acidente
cardio-vascular, que atingiu mortalmente, o jogador Féher, quase no final do
encontro Vitória de Guimarães-Sport Lisboa e Benfica. Efectivamente, tendo
presente os gestos, a linguagem e o comportamente agressivo da maior parte
dos adeptos do futebol durante os encontros desportivos, onde chegam a
injuriar obscenamente os árbitros, os avançados, os laterais e os defesas,
surpreende muito a dôr e o luto dos que agora choram a perda de um ídolo.

Era bom que, todos os que vão assistir a um jogo de futebol, e "puxam" pela
sua equipa e pelos seus jogadores, tivessem mais moderação e exigissem
menos deles, porque o ser humano é fraco, tem limites e... a vida esvai-se de
um momento para o outro. Sem essa moderação, os campos de futebol dos
nossos dias, não passam de arenas, onde a turba multa assiste, deliciada, à
luta sangrenta dos gladiadores em campo... È verdade que a competição leva
ao estímulo e à melhoria no desempenho das funções que cada um de nós
tem nesta breve passagem pela vida... Mas, quando não se conhecem límites,
quando se exige demais, quando nos esquecemos da fragilidade humana,
estamos a criar condições para a ruptura, para a violência, para a morte dos
nossos ídolos, num campo de futebol, como podia ser numa arena dos tempos
da Roma Antiga. Após a morte, nada resolve chorar pelo ídolo; isso apenas
serve para aliviar a nossa dôr e deixar, para segundo plano, parte da nossa
culpa, por termos levado até ao límite das forças, o nosso ídolo, o nosso herói.

Mas os clubes tambem são responsáveis pela morte dos jogadores em campo,
pois devem conhecer, através dos exames clínicos, os pontos fracos de cada
jogador que colocam na disputa da bola. Devem, por isso, respeitar os límites
e as possibilidades físicas de cada jogador. E creio que, uma equipa de primeira
linha, tem um médico para acompanhar o desempenho dos jogadores. Através
de electro-cardiogramas, com e sem esforço físico, é possivel estabelecer um
quadro clínico, onde seja prevista a hipótese mediata de um acidente cardíaco.
Vamos esperar pelo resultado da autópsia, para avaliarmos em concreto. :-(


Na entrevista de D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas,
concedida ao "Público" e Rádio Renascença, D. Januário responde à pergunta
que lhe foi feita sobre a avaliação do "trabalho do padre Vaz Pinto, enquanto
comissário para Imigração e Minorias Étnicas", nos seguintes termos: "Eu não
concordo que os padres funcionem desta forma, aceitando cargos políticos. [...]
"Discordo... a não ser que houvesse uma missão espiritual muito grande que
não é -- é uma missão de competência ligada a um governo". É bom, conhecer
pessoas assim, francas, coerentes, humildes.
Veja-se o que acontece no Haiti, onde o padre baptista Jean-Bertrand Aristide
chegou ao poder, para evitar o regresso da família Duvalier. Foi em 1990. Mas
as coisas correram mal, fugiu para os EUA. Estes, em 1994, repôem a legalidade,
invadindo a capital e colocando Aristide no poder. Nunca mais largou o lugar.
Fez-se eleger em segundo mandato, tendo renunciado aos votos para casar.
É acusado de enriquecimento ilícito, num país paupérrimo, com 55 por cento de
analfabetos e a maior parte da população a viver na miséria. O poder corrompe.

Alta velocidade... Dois caçadores cazaques a galope, carregando duas
águias douradas, durante uma competição no campo, perto da cidade
de Taldy-Kurgan, no Kasaquistão, onde nesta altura do ano cai neve.











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