2004/01/15

 
O deputado do PSD, José Pacheco Pereira, o Abrupto da Blogosfera, está de
saída do Parlamento Europeu onde trabalhou ao longo de cinco anos do seu
mandato, conseguindo conciliar o lugar de deputado com o de comentarista
na TSF, no "Público", na SIC-Notícias, na SIC-Nacional e, além de tudo isso,
ainda arranja tempo para os seus blogues, "Estudos sobre o comunismo" e
o "Abrupto". Como consegue ele o tempo para tanta coisa, não sei. Agora,
os "palradores" parecem não ter sono, não dormem, ficam com o verbo solto.

Na hora da despedida, JPP vem hoje no "Público" falar sobre "O Parlamento
Europeu e o interesse nacional", mas ficamos sem saber se o registo trata de
um balanço ou de um recado para o PSD. JPP começa por afirmar que "o PE
é uma instituição política única, um orgão político bizarro, sem correspondência
nem paralelo com os parlamentos nacionais". Considero esta, uma afirmação
de La Palisse. E JPP prossegue, querendo demonstrar, através de duas frases,
como funciona o PE: "[o PE] é ao mesmo tempo, peça de um projecto político
pré-estabelecido, logo "instituição fechada" e um parlamento, propriamente
dito, "instituição aberta", cujas maiorias eleitorais variáveis definem a política
global". Estas são as duas definições do PE, feitas por JPP. Depois prossegue
na análise da "instituição fechada" mas, a partir daqui, esqueceu-se de falar
na "instituição aberta". Que raio de discurso este! Eu sei, nós sabemos, como
é dificil esquematizar as ideias, quando se escreve na Blogosfera, pois não
temos "janelas" de 15" para companhar o texto, e este, depois, ainda assume
uma outra configuração. Mas escrever para um jornal, requere mais cuidado.

Afirma Pacheco Pereira que, a maioria dos deputados, na hora de votarem, se
"comportam em função do seu interesse nacional específico". Mas seria de
esperar outra atitude, da parte dos eleitos nacionais? "Esta marca vergonhosa
é genética e está inscrita, direi mais, tatuada na condição original... devida
ao interesse nacional da França, que colocou nos tratados a sede obrigatória
do parlamento em Estrasburgo" -- prossegue JPP. Então, seria melhor de
outra maneira? Será que a ONU não deveria ter sede nos States, que a OIT
não deveria estar na Suiça, que a Nato não deveria estar em Bruxelas? Claro
que o argumento de JPP, destina-se apenas a exarcebar os ânimos contra a
França, fundadora da actual União Europeia... Mais diz Pacheco, citando os
"decretos Benés" para concluir: "Digo isto, resta acrescentar que acho natural
que assim seja..." Então, em que ficamos? Qual é, afinal, a melhor solução?
JPP crítica, mas acha natural que as coisas no PE continuem como estão...

Para JPP, tudo o que Portugal conseguiu no PE, deve-se, não ao número de
25 deputados portugueses, mas sim porque estes são influentes e astutos.
E, esse, é o recado dirigido ao PSD: "Os deputados portugueses, para serem
ouvidos e terem influência, precisam de poder comunicar facilmente com os
seus colegas, o que implica, o domínio de várias línguas estrangeiras". Quer
dizer, deputado que não seja poliglota, não deve ir para o PE. Será que no
PE, não existe tradução simultânea? Além disso, não é o inglês o principal
idioma de comunicaçã e edição de relatórios? JPP esquece que, hoje em dia,
quem souber ingles, não é estrangeiro em parte nenhuma do Mundo. Depois,
não sabendo inglês, ainda resta o francês, que ainda é um idioma dominante
na Europa. Enfim. "É esta ecologia que deve presidir à elaboração das listas,
para não se perder o que já se conseguiu" -- assim remata JPP, o seu artigo.

Eu acho que, os nossos comentadores e analistas políticos -- que são sempre
os mesmos -- sofrem de uma inflação de meios, nos quais "botam" discurso.
Mais parecem papagaios do que "opinion-makers". São deputados, presidentes
de câmara, jornalistas... e, alem disso, comentadores nas televisões, jornais,
rádios e Blogosfera. Não podemos continuar a ouvir, quem fala demais. E nem
sempre com clareza, isenção e rigôr na análise que fazem ao comentar.

O Deus da Abundância.... Um activista da Greenpeace, vestido de "Deus da
Abundância", distribui folhetos advertindo para os perigos dos produtos
genéticamente modificados (PGM), em Hong-Kong. A greenpeace publica
regularmente, desde 2001, o "Guia das lojas para evitar os produtos GM".









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