Abrangente

Porque hoje é domingo, não escrevo sobre política. Porque somos
um país mediterrâneo e maioritáriamente católico, vou falar de boa
mesa. Não do que se come, mas sim do que se bebe, e, como bom
cristão, vou falar de vinhos, agora que estão aí as feiras do mesmo,
nas grandes superfícies comerciais.

Escolher um bom vinho nem sempre é tarefa fácil -- pela variedade.
Primeiro devemos escolher o vinho pela Região, depois pelas castas,
e, por fim, pelo ano de produção. Vou apenas falar de quatro regiões,
servindo-me da informação que é fornecida pelos produtores, e onde
podemos encontrar textos verdadeiramente inspirados, poéticos e
com um sabor mágico insuperável, só excedido pelos aromas próprios
dos néctares derivados das melhores cêpas -- hiperbólicamente dito,
como se fosse parafraseado por Eduardo Prado Coelho.

Região do Douro

Foi a primeira região de vinhos demarcada no mundo (?) pelo génio do
Marquês de Pombal (Homens deste jaez é o que o país está precisando).
As castas são: Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Branca e Tinta
Roriz. Deve ser um vinho com 4 anos ou mais. Tem "cor rubi muito viva e
nariz distinto onde se sente bem toda a exuberância da fruta característica
do Douro. Quente na boca, com ligeira madeira, muito harmonioso, com
sugestões de groselha, compotas e baunilha. Um vinho que alia potência
e suavidade, bem conseguido". Uma discrição poética, suave, de néctar!
Recomendado com cabrito no forno, vitela grelhada e pratos de caça.
Prove "Cabeça de Burro" e vinhos da Régua, Vila Real e V. N. Fozcôa.

Região do Dão

Na Beira-Alta, zona de Vizeu, encontramos as castas: Touriga Nacional,
Jaen, Bastardo, Afroucheiro e Tinta Roriz. O vinho "possui bonita cor rubi
e aroma a amoras silvestres, com um ligeiro toque de caruma. Na boca
sentem-se os taninos firmes mas suaves, com madeira muito discreta e
final longo e bem apelativo". Acompanhe com carne porco e vitela no
forno, arroz de pato e queijo de ovelha de pasta mole. Recomendo
"Terras Altas" de José Maria da Fonseca.

Região da Bairrada

Região demarcada há cerca de 60 anos, tem as castas: Baga, Touriga
Nacional, Cabernet Sauvignon e Tinta Pinheira. Vinho de "cor granada
e aroma intenso a bagas, com ligeira evolução. Encorpado na boca,
com notas de fumo e taninos firmes mas nada agressivos e acidez
típica da região que lhe prolongam o final". Escolha "Frei João", "Pato"
ou "Marquês de Marialva". Para pratos regionais fortes, carnes gordas
assadas e grelhadas, charcutaria e queijo de ovelha curado.

Região do Alentejo

É a região de melhores vinhos, a par do Douro. Castas: Arinto, Rabo de
Ovelha e Arinto para os brancos; Trincadeira, Aragonês, Piriquita,
Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon. Vinho de "cor rubi e aroma de
boa intensidade a frutos silvestres, compotas, ligeira madeira. Bem
estruturado na boca, harmonioso e envolvente com taninos muito
redondos, sem arestas, é um vinho suave e elegante". - Boa nota!
Recomenda-se com carne de porco e borrego, caça de pelo e de pena,
pratos de carne elaborados e queijos de ovelha não muito intensos.
Opte por vinhos do Redondo, Monserraz e "Cartucha", tintos; e Vidigueira
e Porta da Ravessa, brancos, estes à temperatura de 8 a 10 graus.

Se é bom apreciador, prefira os vinhos de "Garrafeira" ou "Reserva".
Um bom vinho, deve ter 4 anos ou mais. Atenção aos anos de colheita.
Têm bons vinhos: José Maria da Fonseca, Finagra, Real Companhia Velha
e Roquete e algumas Adegas Cooperativas.
À nossa!... Chim-chim!...