2003/10/30

 
O fundamentalismo religioso, neste país de cristãos, ateus e outros
credos, chegou agora aos negócios de farmácia. E é de pasmar, nos
tempos que correm, que os comerciantes de botica -- ignorando as
regras do mercado -- venham agora restringir a venda de produtos,
em conformidade com os seus critérios religiosos. Para além de não
servirem o consumidor, atrapalham a economia e fomentam a ideia
de que, neste mundo, o comércio de botica, deve processar-se em
conformidade com as ideias expressas no Estado do Vaticano. Isto,
nem aos "taliban" lembrou no Afganistão, mas neste país onde há
gente farisaica, hipócrita e insana, tudo pode acontecer. E quando
esta gente, medianamente instruida e habituada a lidar com os
conceitos científicos no exercício da sua profissão, comete tamanha
arbitrariedade, alguma coisa vai mal na nossa sociedade. Estamos a
assistir à emergência de ideias, que só podem vingar num país de
fanáticos xiitas, governado por mullas e ayatholas.


(foto: cortesia de "Anchorage Daily News", Alaska, USA).

Tem isto a ver com a "Associação de Farmacêuticos Católicos" que,
para não venderem o "dispositivo intra-uterino" ou a "pílula do dia
seguinte", invocam a figura jurídica da "objecção de consciência" É
o que eu digo, estes senhores, em vez de terem optado por ser
farmacêuticos, deveriam ter optado por ser "curas" e, em vez de
atenderem clientes e passarem facturas com IVA a 5 por cento, iam
"doutrinar" todas as mulheres para que não fizessem amor... antes,
e depois do casamento. Se a moda dos "objectores de consciência"
pega, qualquer dia as tabacarias recusam-se a vender tabaco, porque
mata; os bares recusam-se a vender bebidas alcoólicas, porque elas
levam a cirrose ao fígado, e isto mata; as pastelarias deixam de
vender pasteis de nata, porque têm muito colesterol, que faz mal
ao coração; os talhos deixam de vender salsichas porque têm carne
de porco, e esta é impura e prejudica a saúde. Enfim, cada actividade
comercial passa a boicotar as vendas, por "objecção de consciência".
e entra tudo em paranóia, Governo incluido porque, se o consumo
não aumenta, não há impostos e, sem impostos, não há receita.

Francamente, este fundamentalismo de botica, não me convence.
É anacrónico, deslocado, imbecil, contrário à economia de mercado,
onde o Consumidor tem regalias e direitos -- que assim se anulam.





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