2003/10/31

 
Na sua habitual crónica semanal, no Público, Miguel Sousa Tavares
(MST) vem carpir sobre "Um país desmoralizado", onde ressalta o
estado depressivo em que ele (MST), parece ter mergulhado. Não se
pode esperar que, um "opinion maker", deixe de expressar o que lhe
vai na alma, mas tanta negatividade é demais e pode tornar-se doentia.
É certo que o país não vive em euforia consumista, é verdade que a
economia está muito debilitada, mas tambem é verdade que, para
ultrapassarmos estas dificuldades, é preciso optimismo e esperança.
Não devemos ser piores que "O Velho do Restelo". Tudo muda, tudo
passa: melhores dias chegarão. Portanto, vamos aguardar que a
maré chegue à praia, para gozarmos a vida com outro sabor. De resto,
a vida económica é cíclica: ora sobe com grande produção e consumo
de bens, ora desce com a contracção destas variáveis económicas.

Se os "fazedores de opinião" vierem mostrar-nos tão sómente o lado
negativo das coisas, por estarem impossibilitados de observar o outro
lado da realidade, então o seu trabalho de análise é vesgo e canhoto,
pelo que devem não massacrar os leitores com cronicas comicieiras.
Se o cronista, ao apontar defeitos, não é capaz de apontar soluções
ou ideias positivas, de que merece carpir sobre o "molhado"? Somos
humanos, e, por isso, nos emocionamos -- e perdemos a razão -- mas
a atitude política, cívica e social deve ser de rigôr e imparcialidade. Se
o "opinion maker" não consegue ser objectivo, então é porque alguma
coisa vai mal com ele. Uma crónica não deve ser escrita num estado
depressivo, doentio; mas tambem não é com mais um whisky que se
dá a volta ao texto. Os humanos, ao opinarem, devem estar no gozo
de perfeita saúde mental e física, caso contrário, sai asneira.

(Aurora Boreal: cortesia de "Anchorage Daily News", Alaska, USA)

O planeta Terra, onde vivemos, foi bombardeado, nos últimos dias, por
duas enormes tempestades magnéticas, devido a explosões solares de
grande amplitude que têm afectado não só as comunicações como até
o comportamento dos seres vivos. É um dado adequirido, as explosões
solares afectam a vida na Terra, em todas as suas vertentes biológicas.
Daí que se verifique um comportamento instável nos seres vivos. Tendo
em consideração este fenómeno, procurei ser tolerante na crítica que
acima faço a MST. Mas vou estar atento. A um intelectual como é MST,
descendente de uma família respeitada pelo contributo dado à cultura
nacional, deve ser exigido maior objectividade nas suas crónicas.

João Bénard da Costa (JBC), o cronista de "A Casa Encantada", ocupa
hoje uma página do Público, onde nos fala de tudo um pouco, passando
pela Epístola aos Coríntios até Kierkegaard, e de cuja leitura inferi que,
JBC chamou a João Paulo II, o "Papa das Dores", o que me parece certo.
"A fé, a esperança e a caridade ficarão para sempre e só elas para
sempre ficarão. Mas a maior de todas é a caridade
" -- cita JBC, sem que
eu me apercebesse, a quem ele citava. JBC escreve as suas crónicas
com muita facilidade, como quem viaja pelo tempo, com a clareza de
quem conta pelos dedos, misturando realidade com ficção, "Eclesiastes"
com Robert Bresson -- sem perder a linha de raciocínio. É de antologia.






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