Abrangente

A música e o canto foram vandalizados, nos últimos 50 anos, por todos
aqueles que, pouco ou nada conhecendo sobre a sua téncica, quizeram
subir à ribalta da fama, através de múcica e canções de garagem. Porque
foi nas garagens que se formaram a maior parte dos grupos de rock, tendo
como ponto de partida, uma bateria e uma ou duas guitarras acústicas. O
resto, era fé em Deus, e depois logo se veria no que dava.

Com a indústria a produzir "estúdios de remix", onde os decíbeis podiam
subir até rebentar os tímpanos dos ouvintes, apareceram logo no mercado
os oportunistas e os caçadores de "talentos", dando origem à produção
industrial de música rock que, pouco depois foi arrasada por novos estilos
e conceitos sonoros, passando pelo funk, grunge, disco-dance e metálica.
A criação artística desapareceu, surgiu o improviso, a "performance" mais
destemperada e rebelde imposta pelos novos ídolos. Chegou-se a vender
os sons mais insuportáveis, as canções mais abjectas.

Na música como nas demais artes, aquilo que era elitismo -- por força do
conhecimento, do estudo e das regras de construção -- passou a "pop",
a "pimba", a virtual. O importante não é conhecer as regras, mas sim dar
ao consumidor (de arte?) um produto anestesiante, que o leve ao "nirvana"
e deixe de sentir o mundo que o rodeia. Assim chegámos ao absurdo, à
necessidade das "raves" e dos respectivos alucinogéneos e raios laser --
porque sem estes componentes já não há música que agrade a ninguém.

Não vejo a musica e a canção como artes finais, mas creio que, por força
dos oportunistas (do mercado), chegámos a um ponto de implosão. Temos
necessidade de voltar a ouvir boa música e bom canto: os clássicos que,
mesmo sem "awards" nem "Grammies", continuam no "top" dos melhores.
E, para acabar este sermão, dedico a todos os amigos da Blogosfera, este
oportuno, belo e sinfónico "concerto Promenade", opus 58, em sol-maior.

(Apesar do frio que está, espero que, no final, haja pelo menos um Encore)