2003/10/05

 
A INSUSTENTÁVEL GUERRA NA GALILEIA

Foi dado mais um passo para a escalada de guerra entre Israel de Sharon
e os seus vizinhos árabes. A um ataque suicida por parte da Jihad Islâmica
sucedeu-se a retaliação da Força Aérea israelita. Desta vez Sharon foi mais
além do que se esperava; atacou dentro da Síria, um país soberano. Nesta
vertigem de vingança, Israel está a demonstrar o seu desespero, e, por outro
lado, atacando a Síria, pretende convencer George Bush a atacar agora este
país, que ele mesmo considerou como fazendo parte do "eixo do mal".

Em face deste ataque, a Síria pediu a reunião urgente do Conselho de Segurança
das NU e a Liga Árabe convocou de imediato uma reunião para analisar este acto
de agressão cometido por Israel. Destas movimentações diplomáticas pouco há
a esperar já que Ariel Sharon e o seu Governo têm a força das armas, e, os seus
aliados norte-americanos já demonstraram que não conseguem obrigar Israel
a cumprir qualquer decisão da comunidade internacional. De resto, George Bush,
está com graves problemas no Congresso e na opinião publica americana, pelo
que tambem não deve estar interessado em fazer mais qualquer diligência no
sentido de acalmar Sharon.

Ariel Sharon quer resolver as coisas pela força, mas ao fim de dois anos verifica-se
que a sua política belicista pouco ou nada de positivo conseguiu: o seu exército
apresenta sintomas de cansaço, os 140kms de MURO já construidos não evitam
os ataques suicidas, a economia de guerra trouxe um défice orçamental gigante
e a economia está quase paralisada. Sharon ao prosseguir com a construção do
MURO do "apartheid" está apenas a gastar dinheiro e a implementar uma política
que todo o Mundo há muito condenou; os muros isolam as pessoas, mas geram
nelas o ódio, a raiva e o sentimento de vingança.

A situação é muito perigosa. Os estados Unidos, que têm poder, não conseguem
controlar Israel; Sharon e o seu Governo estão descontrolados, e caminham agora
no sentido da vertigem, do abismo. Não podemos esquecer que Israel tem o segundo
melhor exército do mundo, mais bem treinado e equipado; tem os melhores meios
aéreos em helicópeteros e em aviões de combate equipados com os mísseis mais
sofisticados; mísseis de curto e longo alcance. E, para além de tudo isto, é bom
não esquecermos que Israel é uma potência nuclear, com algumas centenas de
bombas disponíveis em instalações parcialmente cobertas, situadas no desertp
do Neguev e construidas no final da década de 60, a contra-gosto de De Gaulle.
Do outro lado, está o inimigo da "intifada", que faz a guerra com pedras, e, em
desespero de causa, com voluntários prontos a suicidarem-se.

O mundo está perigoso. Temos uma superpotência, mas que é impotente para
criar consensos, evitar os conflitos, trabalhar nos caminhos da paz. Não vejo que,
da parte dos países árabes -- quase todos alinhados com os EUA -- seja tomada
qualquer acção que envolva a força. No entanto eles têm uma "arma" e são capazes
de fazer uso dela: o petróleo. Neste caso, quem vai pagar a factura, seremos todos
nós, serão as economias ocidentais, que agora começavam a dar sinais de retoma.
Da parte de Israel, temo tudo. Porque os seus dirigentes são incapazes de retirar
das posições tomadas. Porque Ariel Sharon quer assassinar Yasser Arafat, como
fez a mais de 3.000 cívis no Líbano, em 1980. Sharon já foi citado pelo TPI para
responder por esse massacre, mas claro, para ele como para Bush, o TPI não
existe. Mas existe a memória dos mortos, o grito dos inocentes de Beirute, que
ainda reclamam justiça e vão acompanhar Sharon, até este ir para a cova e ser
consumido pela Terra que tudo lhe deu, graciosamente.






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