2003/09/01

 
AS GRANDES MANOBRAS NA (IN)JUSTIÇA

Já o Marquês de Sade dizia que as Leis foram feitas pelos que "têm", e não por aqueles
que nada "têm". De facto, quem nada tem, não precisa de Leis, não tem nada a perder.
Sade dizia ainda que, todo aquele que "tem" e não cuida de guardar o que é seu, devia
ser castigado, por deixar os outros levarem aquilo que não lhes pertence.
Se as Leis foram feitas pelos que "têm," da mesma maneira, a Justiça, será feita, sempre,
tendo em atenção aos que "têm" -- poder, dinheiro, influência, -- porque, os que nada
"têm", não podem contratar quem conheça e exerça as Leis, para poder defender-se...
Apenas os que "têm", podem pagar a quem os defenda -- aos grandes manobradores
da Lei, que são os advogados.

Se isto era verdade para Sade, e para o seu tempo, não é verdade que o seja para nós,
nos tempos que correm, porque hoje, o Estado (o Ministério Público), coloca ao serviço
dos que não "têm", um advogado para os defender. Este advogado, fará tudo o que
estiver ao seu alcance para defender o presumido Réu -- que nada ou pouco tem -- mas
nunca fará uma "defesa" com os meios técnicos e humanos em igualdade com os
advogados dos Réus que muito "têm", ou seja, os poderosos, os ricos.

Vem isto a propósito das manobras dilatórias hoje consumadas pelos advogados de
defesa dos indiciados no "processo de pedofilia" da Casa Pia de Lisboa, ao requererem
a nulidade da audição por videoconferência das respectivas testemunhas. Trata-se de
uma manobra clássica de advogados que defendem os que "têm". Por um lado, ganham
tempo, facturam mais, intimidam as testemunhas, desestabilizam o sistema judicial, e,
como se isso não bastasse, pedem tambem a substituição do juiz Rui Teixeira, por
julgarem que, neste caso, ele é parcial. Estamos perante uma manobra engendrada
pelos advogados de gente que "tem" e não olha a "custos" para alcançar a salvação...

O País tem os olhos postos na Justiça portuguesa, para ver como ela vai lidar com este
processo de pedofília, onde constam nomes sonantes e poderosos da nossa sociedade.
Aguarda-se a inquirição das partes, o apuramento de responsabilidades, o julgamento
dos responsáveis -- enfim, que seja feita Justiça. Se isso não acontecer, teremos de
admitir que Sade continua a ter razão. E não deixa de ser irónico o que hoje aconteceu:
os advogados dos que "têm", agiram em conluio, na defesa dos indiciados; o advogado
daquele que nada tem -- o "Bibi"-- desistiu da sua defesa. Porquê? Porque o "Bibi" não
"tem", não dá para o advogado "facturar"? É assim, quem não "tem", não pode escolher
como patrono, aquele que melhor o poderia defender.

- - - - - - - - - - "É natural que as crianças mintam. Ao fazê-lo, - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - outra coisa não fazem do que imitar os adultos" - - - SEGISMUND FREUD.






<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]