2003/07/23

 
Helena Ferro de Gouveia, correspondente do jornal Público em Frankfurt, capital
financeira da Alemanha, vem hoje informar-nos de um fenómeno bizarro que se
passa naquele país e que tem a ver com as canções dedicadas a Schroeder.
Parece que se trata de "canções de escárnio e maldizer", baseadas nas acções
políticas do chanceler, as quais alcançam sempre os "tops" de vendas, pelo que,
os politólogos germânicos estão sempre de ouvido alerta, para reflectirem sobre
os temas de cada uma, a fim de auscultarem o pulsar do país.

Ora aqui está uma dica interessante, para os nossos políticos e para todos aqueles
que se dedicam á edição de música pimba ou á contrafacção de CDs. Pode ser um
negócio rentável para artistas no desemprego, parodiantes, imitadores, letristas e
bandas rock. O "merchandising" tambem pode rentabilizar bonecos, brinquedos,
marcas e patentes, criar novas marcas de cigarros, de cervejas, de preservativos
e pó de talco para bebés.

Este preâmbulo, serve para dizer uma coisa: os povos, os cidadãos da União
Europeia, dentro da unidade, ainda têm um deficiente conhecimento uns dos
outros. Não falo de conhecimentos históricos, linguísticos, geofráficos, estatísticos
ou de trocas comerciais; falo da cultura, dos usos e costumes de cada nação, do
dia-a-dia de cada povo, dos seus anseios, do seu sentido de humor, do seu viver.

Portugal está na UE, e, contudo, a informação que nos chega de países tão
importantes como a Alemanha, é quase nula, comparada com o que nos chega do
outro lado do atlântico. Por exemplo: na rádio quase não se ouve cantar em alemão,
pouco italiano, menos francês. No cinema e na TV, poucos são os filmes vindos de
Itália, alguns de França, quase nenhuns da Alemanha. Podem dizer-me que existe
a barreira do idioma, mas uma canção, um filme, quando têm qualidade, tornam-se
acessíveis a todos. A este respeito, lembro um filme indiano, que no final da década
de 50, bateu todos os recordes de bilheteira, e a sua canção de fundo atingiu
níveis de audiência nunca igualados. Refiro-me a "Prestígio Real", que a Censura
de Salazar mandou queimar, pouco depois da invasão de Gôa em 1961.

Portanto, isto tem a ver com as mentalidades, com as modas, com os "mercados"
de distribuição, com o quase monopólio das agências que "vendem" as notícias.
Por isso, é bom que o projecto francês de uma CNN europeia vá para a frente, já
que o projecto Euronews, pertença dos principais canais públicos de TV de cada
país, é manifestamente insuficiente para nos dar um quadro satisfatório de tudo
quanto se passa em cada um dos países da UE.












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