2006/02/15

 
LER OS OUTROS...

Leio no Besugo: O homem fez-se para guerrear -- disse ele, bebendo ginja. E eu
sigo-lhe a pista: "...Este assunto das caricaturas descambou", e continuo a leitura:
"A liberdade continua a existir, ao menos como conceito, onde existia dantes... e a
escassear onde já escasseava.[...]Sei que não é inteligente discuti-la, como se fosse
nossa, nem conforme nos dá jeito para a nossa simples discussão. Nem sequer é
bondoso, isto, porque a liberdade não é um argumento, uma arma de arremesso
durante a discussão dela. É uma causa maior que isso, nunca se arremessa à cara
de ninguem o que nos pode fazer falta".
(Muito gostava eu, que este sereno modo de pensar sabiamente, fosse praticado
pelos nossos fazedores de opinião... Mas eles continuam a pensar como cruzados).

A Lolita lembra, em Notas sobre a distância, que "quem não é bem
nascido, no mundo ocidental, é um parolo ou um excluido a quem se deixa intacta
a liberdade de expressão, mas para falar sózinho, enquanto dedicamos toda a
nossa atenção aos bem nascidos porque são mediáticos, ainda que nem o berço
nem o mediatismo lhe tenha vindo à posse por mérito de pensamento".
"[Nós] idolatramos cromos de colecção, como a Madonna e o Mourinho, a quem
prestamos mole e inerte referência pela riqueza, pelo talento para tudo e para
nada em particular, pelo néon que exalam dos poros, por saltarem bem no vazio.
Sem que nos importemos que os satirizem, porque a nossa adoração tem uma boa
parte de invejinha, de ressabiamento, de atracção-ódio porque eles são e nós, que
tambem não somos divinos, queríamos ser tambem".
(Esta linha de pensamento, directa e assertiva, não se lê em Barreto, o Vasco PV,
V.Graça Moura ou Eduardo Prado Coelho. Estes intelectuais têm o pensamento
bloqueado, não têm discernimento, criatividade, poder de análise, intuição...).

O Luis Tito, no post (0.178/2006) diz que "arrepia ver quão perto andamos
da xenofobia, da intolerância". E antes, no post (0.176/2006), escreve sobre a
"Liberdade de transpiração: Embora seja um direito inalienável, se se não usar
um desodorizante incomoda os outros, é desagradável".
(Felizmente ainda há muita gente, que gosta de uma boa ginjinha, mas não perde
a razão nem o tino, deixando-se ir para a guerra. E agora pergunto eu: os outros
têm o direito à indignação, ou os defensores da liberdade de expressão negam-lhe
essa liberdade de se exprimirem?... Todos têm esse direito, não é verdade?).

Aquário de tubarões em Antibes, sul de França. A visita para observar as
espécies pode ser feita a uma dezena de metros abaixo do nível das águas.





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