2005/01/04

 
A tragédia causada pelo maremoto ocorrido no sul da Ásia, no dia 26 de
Dezembro de 2004, mostra como a vida humana é frágil e está à mercê das
alterações geológicos do nosso planeta. No olhar de muita gente, houve quem
tirasse ilações sobre a tragédia, afirmando que a causa era devida à exploração
desenfreada dos recursos naturais; outros vêem o caso, como sendo um castigo
divino, devido à poluição ambiental provocada pelo desenvolvimento industrial
no sul da Ásia; até há quem refira que tudo foi arrasado pelo "tesunami", excepto
os templos budistas, as igrejas cristãs, as mesquitas, etc.
Foi apenas um desastre natural, cujos efeitos podiam ter sido reduzidos se os
responsáveis tivessem um sistema de alarme, e fizessem exercício de prevenção
como aliás fazem os japoneses... Tudo o mais que se possa dizer, é chover no
molhado, e o que aconteceu no sul da Ásia, podia ter acontecido na costa da
Califórnia, nas Canárias ou em Honolulu. O risco de maremotos está mapeado.

O que mais impressiona, nesta tragédia, é o sentimento generalizado
de compaixão pelas vítimas, manifestado em todo o mundo. É verdade que houve
países onde essa "onda de compaixão" tardou a manifestar-se, mas nem por isso
deixou de haver solidariedade e ajuda financeira, logo que houve informação
suficiente sobre a extensão de tamanha tragédia humana. É ver como os EUA,
depois da UE, da Noruega, da Alemanha, da França, da Suiça, e da Espanha --
que logo de início avançou com 68 milhões de euros, quando outros avançavam
com 3 e 5 milhões -- vieram agora em força, aumentando a ajuda inicial de 35
para 350 milhões de Usd e colocando os meios próprios de uma superpotência
ao serviço da ajuda e salvamento de pessoas humanas, deslocando vasos de
guerra para acudir às vítimas, utilizando helicópteros para salvamento e entrega
de mantimentos. Uma boa acção, para já...É caso para perguntar: que é feito
da Força Aérea da Indonésia? Onde estão os helicópteros, os aviões, as lanchas
de salvamento? Java não acudiu a Sumatra, porquê? Por entraves do Aceh Livre?

Nascemos para sofrer, porque nascemos com a dôr. Ao nascer, fazem-nos
chorar, para mostrar que "estamos vivos"; a mãe conhece a dôr do parto, e a dôr
nunca mais nos vai abandonar. É na dôr, que a Humanidade se torna menos dura
e consegue viver os actos de maior generosidade. É na dôr que nos tornamos
mais solidários, e chegamos mais próximo dos outros. É nos momentos de
tragédia, que os povos mais se unem, para superar a dôr. Mas ela (a dôr), vai
continuar dentro de nós, adormecida, até ao próximo desastre, para voltar de
novo a mostrar que ainda somos humanos. É um sinal genético, vital para que
todos possamos sobreviver neste mundo, nas horas de infortúnio e de dôr.







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