2004/10/15
Ontem não tive tempo apropriado para me dedicar a este blogue, devido
a compromissos com amigos de longa data, enquanto outros fizeram palpites
sobre as causas da minha "falta ao serviço" blogosférico. Devo dizer que foi por
uma boa causa. Alem disso, ontem foi um daqueles dias em que as "news" eram
focadas em comportamentos sociais estranhos: a nossa selecção tinha ganho à
Rússia por 7-1; o alberto da Madeira, que anda em campanha eleitoral, inaugurou
obras inacabadas; foram ouvidos 20 arguidos, ligados à indústria das "rolhas",
por associação criminosa e roubo de 30 milhões ao Estado; na cerimónia de
abertura da Academia, em Coimbra, um grupo de 20 estudantes, pôs os pés
onde devia pôr a cabeça, e proclamaram "Morte ao Santana", interropendo a
aula de sapiência; Ivan Dias, arcebispo de Bombaim, disse em Fátima que
"há mais pecados e mais pecadores"; alunos da GNR foram internados em
psiquiatria, por se "recusarem a cortar erva"; "há dias em que tudo dá certo",
disse Scolari a propósito dos 7-1 à Rússia, acrescentado ainda que "jogadores
ficaram picados"; habitantes do Bairro de Alvalade mobilizam-se para evitar a
instalação do "Shopping da Morte" com câmaras frigoríficas e cafetaria; Rui Rio
responsabilizar "a má-fé dos outros" pela crise na Câmara do Porto. Enfim. Foi
um dia aziago em notícias. O pessoal anda todo descarrilado.
Ainda bem que o meu grupo, "O Quarteto do Estoril", cuja amizade
entre os seus membros é, de facto, inoxidável, esteve ausente dos noticiários
para conviver à mesa -- e em sala reservada -- no "Reijos" da Rua Direita, em
Cascais, e saborear uma cataplana de tamboril, acompanhada de um branco
do Douro, DOC, do ano 2001. A entrada era presunto de Chaves e/ou queijo
da Serra, amanteigado. Um pecado sim, mas uma delícia tambem. A cataplana,
encomendada na véspera, estava bem temperada, sortida de gambas e com
alguns fígados do tamboril. A rematar, tivemos um gelado de amêndoa rodeado
de fambroêsas, descongeladas a tempo de parecerem naturais. E depois veio
o resto... Em minha opinião, o serviço prestado foi deficiente, tendo em conta
os preços da casa, e os comeres tambem sairam desvalorizados por pequenas
falhas de confecção. Por exemplo, a cebolada que acompanhava a cataplana
era pré-confeccionada (como faz a McDonalds); as fambroêsas, depois de
descongeladas, ganham bolôr, caso estejam muito tempo fora do frigorífico;
no final, pedida que foi uma aguardente velhíssima (superior em qualidade à
Adega Velha), ia ser servida sem chambrear o cálice e muito menos aquecer
a mesma, para melhor evolução do néctar... Pelo meu reparo, foi rectificado o
procedimento, mas a prática demonstrou o pouco uso dos instrumentos, tanto
que a lamparina não se conseguiu acender... Um serviço que não corresponde
à matriz da casa "Reijos". A verdade deve ser dita. O consumidor tem o direito
de exigir qualidade nos produtos e nos serviços, ainda mais quando paga bem.
A indústria de restauração tem muitas falhas. Para alem da falta de preparação
profissional dos trabalhadores (e dos patrões), há ainda a rotatividade, o uso
demasiado prolongado dos meios de produção, que dão origem à oferta de
produtos mal confeccionados. As ementas não são actualizadas; há restaurantes
a oferecer os mesmos "menus" de há 30 ou 40 anos. Poucas alterações fazem
nas salas de mesa, nas cozinhas, nas máquinas. Porque a mentalidade da maior
parte dos donos de restaurantes, não tem ideia do que seja "higiene e serviço
público". O que lhes interessa é fazer render o "peixe", i.e. a não substituição do
óleo de fritar, a utilização de molhos e outros produtos pré-confeccionados, como
seja as ceboladas, as natas, os chantilies e até mesmo as sopas. Contam com a
indústria da Iglô e da Nestlé... Tudo pré-fabricado, sem sabor nem aromas. Uma
casa com 40 anos de serviço, como o "Reijos", se não evolue, torna-se decrépita.
Iniciou-se o Ramadão, durante o qual os crentes no Profeta vão jejuar
ao longo de trinta dias, não podendo comer desde o nascer do sol até este
dar lugar à noite, e com abstinência das relações sexuais... É a sua fé, são
os seus costumes. Como cristão, espero que todos os muçulmanos tenham
paz de espírito durante o Ramadão e tenham sempre uma mesa com fartura
para alimentarem os seus corpos... Porque, com a barriga vazia, ninguem
é bom conselheiro, mas tambem não está interessado em receber conselhos.
a compromissos com amigos de longa data, enquanto outros fizeram palpites
sobre as causas da minha "falta ao serviço" blogosférico. Devo dizer que foi por
uma boa causa. Alem disso, ontem foi um daqueles dias em que as "news" eram
focadas em comportamentos sociais estranhos: a nossa selecção tinha ganho à
Rússia por 7-1; o alberto da Madeira, que anda em campanha eleitoral, inaugurou
obras inacabadas; foram ouvidos 20 arguidos, ligados à indústria das "rolhas",
por associação criminosa e roubo de 30 milhões ao Estado; na cerimónia de
abertura da Academia, em Coimbra, um grupo de 20 estudantes, pôs os pés
onde devia pôr a cabeça, e proclamaram "Morte ao Santana", interropendo a
aula de sapiência; Ivan Dias, arcebispo de Bombaim, disse em Fátima que
"há mais pecados e mais pecadores"; alunos da GNR foram internados em
psiquiatria, por se "recusarem a cortar erva"; "há dias em que tudo dá certo",
disse Scolari a propósito dos 7-1 à Rússia, acrescentado ainda que "jogadores
ficaram picados"; habitantes do Bairro de Alvalade mobilizam-se para evitar a
instalação do "Shopping da Morte" com câmaras frigoríficas e cafetaria; Rui Rio
responsabilizar "a má-fé dos outros" pela crise na Câmara do Porto. Enfim. Foi
um dia aziago em notícias. O pessoal anda todo descarrilado.
Ainda bem que o meu grupo, "O Quarteto do Estoril", cuja amizade
entre os seus membros é, de facto, inoxidável, esteve ausente dos noticiários
para conviver à mesa -- e em sala reservada -- no "Reijos" da Rua Direita, em
Cascais, e saborear uma cataplana de tamboril, acompanhada de um branco
do Douro, DOC, do ano 2001. A entrada era presunto de Chaves e/ou queijo
da Serra, amanteigado. Um pecado sim, mas uma delícia tambem. A cataplana,
encomendada na véspera, estava bem temperada, sortida de gambas e com
alguns fígados do tamboril. A rematar, tivemos um gelado de amêndoa rodeado
de fambroêsas, descongeladas a tempo de parecerem naturais. E depois veio
o resto... Em minha opinião, o serviço prestado foi deficiente, tendo em conta
os preços da casa, e os comeres tambem sairam desvalorizados por pequenas
falhas de confecção. Por exemplo, a cebolada que acompanhava a cataplana
era pré-confeccionada (como faz a McDonalds); as fambroêsas, depois de
descongeladas, ganham bolôr, caso estejam muito tempo fora do frigorífico;
no final, pedida que foi uma aguardente velhíssima (superior em qualidade à
Adega Velha), ia ser servida sem chambrear o cálice e muito menos aquecer
a mesma, para melhor evolução do néctar... Pelo meu reparo, foi rectificado o
procedimento, mas a prática demonstrou o pouco uso dos instrumentos, tanto
que a lamparina não se conseguiu acender... Um serviço que não corresponde
à matriz da casa "Reijos". A verdade deve ser dita. O consumidor tem o direito
de exigir qualidade nos produtos e nos serviços, ainda mais quando paga bem.
A indústria de restauração tem muitas falhas. Para alem da falta de preparação
profissional dos trabalhadores (e dos patrões), há ainda a rotatividade, o uso
demasiado prolongado dos meios de produção, que dão origem à oferta de
produtos mal confeccionados. As ementas não são actualizadas; há restaurantes
a oferecer os mesmos "menus" de há 30 ou 40 anos. Poucas alterações fazem
nas salas de mesa, nas cozinhas, nas máquinas. Porque a mentalidade da maior
parte dos donos de restaurantes, não tem ideia do que seja "higiene e serviço
público". O que lhes interessa é fazer render o "peixe", i.e. a não substituição do
óleo de fritar, a utilização de molhos e outros produtos pré-confeccionados, como
seja as ceboladas, as natas, os chantilies e até mesmo as sopas. Contam com a
indústria da Iglô e da Nestlé... Tudo pré-fabricado, sem sabor nem aromas. Uma
casa com 40 anos de serviço, como o "Reijos", se não evolue, torna-se decrépita.
Iniciou-se o Ramadão, durante o qual os crentes no Profeta vão jejuar
ao longo de trinta dias, não podendo comer desde o nascer do sol até este
dar lugar à noite, e com abstinência das relações sexuais... É a sua fé, são
os seus costumes. Como cristão, espero que todos os muçulmanos tenham
paz de espírito durante o Ramadão e tenham sempre uma mesa com fartura
para alimentarem os seus corpos... Porque, com a barriga vazia, ninguem
é bom conselheiro, mas tambem não está interessado em receber conselhos.
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