2007/01/02

 
PAÍS DE MARINHEIROS...

Na praia da Nazaré, adornou há dias a Luz do Sameiro, fazendo lembrar os
tempos do Botas, quando aquela terra de pescadores era cenário de tragédias,
que depois eram transportadas para o cinema, pelos cineastas do regime... Desta
vez houve tres mortos, tres desaparecidos, e um sobrevivente, imigrante de um
país de leste. Semelhante drama acontece nas estradas, nas viagens aéreas, nos
incêndios de prédios velhos. Mas os canais de televisão logo se aproveitaram do
drama para subirem nas "audiências". Foi um espectáculo pungente, espremido,
recontado, visto e revisto. Foi referido que as vítimas tinham morrido a "vinte
metros da praia"(...), mas toda a responsabilidade foi assacada às autoridades.
É assim, neste país ninguem assume as suas responsabilidades; a culpa é sempre
dos outros. E, com as "audiências" a subir, ninguem pensou em mais nada. Nem
os "repórteres" de serviço se interrogaram do porquê da tragédia, por que razão
só o imigrante de leste se havia salvado. Por acaso era mergulhador...

Vina del Mar, Chile... Uma vaga de calor tem assolado o país andino. Avisados
pelas autoridades de saúde, os banhistas tentam evitar queimaduras solares.


Neste país, onde ninguem assume a responsabilidade dos seus actos, continua
a verificar-se o amadorismo, a falta de preparação das pessoas, e o desprezo pelas
normas de segurança. Dos sete tripulantes da Luz do Sameiro possivelmente só
um sabia nadar... Neste país de marinheiros, a maioria dos pescadores não sabe
nadar... Como tambem acontece noutras áreas: uns conduzem sem carta, outros
constróiem casas -- sabendo pouco ou nada da indústria e dos materiais -- outros
vão para o mar, sem saber nadar, e há os chico-espertos que se dizem técnicos
disto e daquilo, mas andam apenas a aldrabar. Ninguem quer ser responsável.
O empregado apenas quer o fim do mês para receber o ordenado; o funcionário
de serviço outro tanto. Mas nenhum deles quer "ter responsabilidades" quanto
ao futuro, ou à conservação dos activos, e pior ainda no tocante a segurança...
Qualquer marinheiro, pescador ou trabalhador de bordo não devia ser admitido
sem uma prova de natação. Infelizmente o desenrascanço não olha para isso.

Pequim... Primeira grande queda de neve na capital da China...

A LAMÚRIA...
A fuga às responsabilidades, pessoais ou colectivas, é uma pecha nacional.
O mesmo acontece com a lamúria, que é outra forma de não ser responsável.
Os feirantes queixam-se de que o negócio vai mal, o lojista de bairro, a peixeira
e o vendedor de hortaliças no mercado, dizem igual. O mecânico, o electricista ou
o canalizador diz o mesmo. Todos se lamentam que o negócio vai mal. O vendedor
de automóveis ou o agente imobiliário, outro tanto. Se for o construtor civil, esse
então queixa-se da crise geral do país; é a mão-de-obra que está caríssima, são os
materiais que não param de aumentar, é o gasoil, são os impostos, as taxas e as
multas camarárias. Ninguem se safa, no negócio, mas todos exibem monovolumes,
jeeps com GPS, Mercedes, Audis e BMW... No entanto todos se queixam, todos
dizem que isto vai mal, lamentam-me por o Estado cobrar impostos e taxas... para
pagar o SNS, as pensões, subsídios de desemprego, medicamentos, e as estradas,
as pontes, o défice... Lamúria fadista do povo português que leva à rejeição das
responsabilidades de cada um, enquanto cidadão, mas que não deixa de pedir ao
Estado todos os subsídios e ainda o acusa de ser o causador de todas as desgraças.

Bem aperaltados... Mercado de camelos em Karachi, Paquistão...





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