2005/07/04

 
Um festival é um festival, e, por isso, cada qual festeja à sua maneira e diz dele
o que quer. Não admira, por isso, que até o inefável Eduardo Prado Coelho tenha
dedicado o seu "Fio do Horizonte", no "Público" de hoje, para confessar as emoções
sentidas com o Live 8, onde diz coisas no género: "É a música que inventa o passado
para que nós o possamos viver no presente. É a música que nos dá a melancolia do
futuro". (Muito profundo...). Depois, assume o papel de roqueiro, e opina sobre os
artistas, referindo que "tivemos a Madonna, numa energia impressionante", e os
"REM e o seu sentido militante", a "desconcertante e envolvente Bjork, os eficazes
Coldplay", "um sólido James Brown", "uma notável desenvoltura e encantamento
de nome Youssou N'Dour", uma "Shakira bastante pirosa, e uma Cèline Dion que
lhe faz concorrência". (Santo Deus, do que um professor universitário é capaz!).

Eduardo Prado Coelho afirma que "Live 8 jogou na globalização" por não ter
alternativas. "A globalização era não somente no espaço como no tempo". Depois
EPC confessa: "Vendo o programa com a Ana, senti a alegria dela, a emoção, a
pele arrepiada, a saudade aconchegada, a dança obscura. Só por isso valia a pena
ver e ouvir este espectáculo de todos os espectáculos: para olhar a Ana vestindo-
se com a música onde eu começo a adormecer". (Delirante mesmo. Recordei a
polémica de há um ano, entre Bénard da Costa e Prado Coelho, sobre o "orgasmo
vertical" citado numa crónica de EPC, e que tanto intrigou o director da Cinema-
teca Nacional). Então, e sobre a "fome em África", fim último do Live 8, EPC não
diz nada? (Quase nada, talvez por ter adormecido, a sonhar com a Ana). Mas no
final, EPC acaba por dizer que, entre os que falam do cinismo, do oportunismo e
da garrafa vazia, "outros querem acreditar", a "vida continua", e é "preferível a
ser ingénuo a não ser nada"... (Como se vê, estes espectáculos destinam-se a
perpetuar o sistema, e a "inventar o passado, para que as pessoas o possam viver".
Quanto ao dinheiro recolhido, vai esvair-se por entre os dedos, até chegar lá.)

O "4 de Julho" é feriado nos EUA, por ser o dia da independência. Mas
no Iraque não foi feriado, tendo-se registado 2 mortos e 4 feridos em Bagdade,
na explosão de um carro por controlo à distância, conforme mostra a imagem.

Para acompanhar os acontecimentos, que são vedados aos media, existem diversos
sítios na Internet. Este é um deles, o mais credível, com informações
recolhidas em todo o país, e este com fotos disponíveis da Associated Press.





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